Por favor, não roubem seus colaboradores
João Alfredo Biscaia
Muito provavelmente, os leitores deste artigo devem considerar o título extremamente agressivo, inclusive deselegante.
Proponho que tenhamos muita calma e atenção sobre esse assunto, pois para mim, realmente, existem muitos 'ladrões' nas organizações, não do dinheiro das empresas, mas sim das pessoas que com eles trabalham. A argumentação que tenho sobre essa afirmativa foi baseada no livro O caçador de pipas, de Khaled Hosseini, que tive o enorme prazer de ler e reler. Permito-me dizer que o livro me foi emprestado pela minha ex-sogra, acompanhado do seguinte bilhete: 'Este livro é bom demais para ficar na prateleira'. Principalmente em razão do bilhete, me encorajei em não deixar 'engavetado na prateleira da minha cabeça' as conexões que consegui fazer durante a leitura deste livro com a realidade das organizações e nas atitudes, posturas e comportamentos de muitas pessoas que se auto-intitulam de líderes de pessoas, apenas em função do cargo que exercem. De todos os prazeres e sensações agradáveis e muitas vezes tristes, que a leitura deste livro me proporcionou, a mais marcante e significativa para mim foi a seguinte: Em conversa com seu filho Amir, Baba afirma que existe apenas um pecado no mundo: o do roubo. Ele justifica essa afirmação, dizendo:
· Quando você deixa de dizer para alguém alguma coisa que você acredita ser 'verdade', você está 'roubando' o direito dele saber o que você sente a seu respeito.
· Quando você mata alguém, você está 'roubando' o direito de outras pessoas conviverem com a pessoa que você matou.
· Quando você 'maltrata' alguém, você está 'roubando' o direito dessa pessoa de ser feliz.
· Quando você mente para alguém, você está 'roubando' o direito dela conhecer a verdade.
Como decorrência dessas assertivas, imediatamente surgiram em minha mente os inúmeros 'roubos' praticados nas organizações. Relaciono alguns deles para que os leitores possam examinar se, em sua organização, eles são praticados.
· Quando você chega atrasado em uma reunião, você está 'roubando' o tempo das pessoas que chegaram na hora marcada.
· Quando você quer, ou impõem, que seus 'colaboradores' (não podemos mais falar subordinados, é um termo ofensivo, dizem alguns), fiquem trabalhando rotineiramente após as 8 horas diárias, você está 'roubando' o direito ao lazer, ao estudo, além do prazer que todos nós temos em desfrutar da companhia da esposa, filhos e dos amigos do coração.
· Quando você pede urgência na execução de determinada tarefa, e depois não dá a menor importância, você está 'roubando' o seu colaborador.
· Quando você pensa que alguns de seus subordinados não estão correspondendo às suas expectativas, e nada diz, você está 'roubando' a vida profissional deles.
· Quando você fala a respeito das pessoas e não com as pessoas, você está 'roubando' a oportunidade deles saberem a opinião que você tem a respeito deles.
· Quando você não reconhece os aspectos positivos que todas as pessoas têm, você está 'roubando' a alegria e a satisfação que todos nós precisamos por nos sentir valorizados e úteis. Além de 'roubar', você está sendo o principal gerador de um ambiente de trabalho desmotivador e desinteressante.
Tenho hoje a convicção - não a verdade - de que realmente só existe um único pecado que qualquer profissional pode cometer no exercício de cargos de liderança: NÃO DIZER, DE FORMA EXPLICITA, CLARA E DESCRITIVA, COMO PERCEBE E SENTE OS DESEMPENHOS E OS COMPORTAMENTOS DAS PESSOAS COM QUEM TRABALHA. Todos nós temos um discurso fácil ao afirmar que é imprescindível haver respeito e consideração com todas as pessoas com quem convivemos, quer no plano pessoal ou profissional. Pensar e falar são coisas extremamente fáceis. O grande desafio está no agir, no fazer, no praticar aquilo que se diz ou pensa como sendo o certo, o correto nas relações entre as pessoas. Não valemos pelo que pensamos, mas sim pelo que realmente fazemos. Tenho constatado, como base no mundo real, que a maioria das pessoas deixa de se manifestar sobre como percebe e sente o comportamento das pessoas com quem convivem. A racionalização por não dizer nada é baseada no argumento de que, 'afinal, ninguém é perfeito' e vai acumulando insatisfações, com reflexos inevitáveis nas relações.
Acrescento que o pior tipo de relacionamento que podemos praticar com as pessoas com quem trabalhamos e vivemos é o do silêncio. O silêncio fala por si só. Diz muita coisa, e gera uma relação de paranóia, muita ansiedade e enorme frustração. Dizem que as pessoas admitem boas ou más notícias, detestam surpresas. Tomo a liberdade de recorrer a um artigo escrito por Eugenio Mussak, na revista Vida Simples, do mês de julho deste ano.. Ele é enfático ao afirmar que feedback é um a questão de respeito e consideração para a outra pessoa.Chego à conclusão de que só damos feedback para as pessoas que respeitamos e gostamos. Dar e receber feedback são questões básicas e essenciais para a existência de uma relação saudável, duradoura e, principalmente, respeitosa.Considero oportuno lembrar, também, que todas as coisas que prestamos atenção tendem a crescer. Se olharmos, tão somente os aspectos negativos de alguém, esses tendem a crescer aos nossos olhos. O inverso também parece ser fatal. Se dirigirmos nossas observações a respeito das questões positivas que todos nós temos, existe a grande possibilidade delas também crescerem. Em síntese: sugiro a você que façamos um exame de consciência profundo nas diversas relações que mantemos. Se pergunte com bastante freqüência: Será que eu estou 'roubando' de alguém algumas informações ou percepções que podem lhes ser úteis para o seu crescimento pessoal e profissional?
QUANDO OS SUBORDINADOS SE TORNAM NOCIVOS
Por Luisa Monteiro
No livro "Como o líder pensa" da coleção Harvard Business Review, o autor Lynn R. Offermann escreve que os líderes também são vulneráveis. Isto é, eles podem ser deviados de seus caminhos da mesma forma que os subordinados - na verdade, por seus subordinados. Isso ocorre de várias maneiras.
Às vezes, os bons líderes acabam tomando más decisões por que subalternos bem-intencionados estão unidos e são persuasivos quanto ao percurso de uma ação. Esse é um problema significativo para os líderes que atraem e dão força a subordinados decididos. Esses executivos precisam ser mais céticos quanto à opinião da maioria e fazer com que seus subordinados examinem suas opções mais detidamente.
Mecanismos organizacionais como feedback de 360 graus e coaching executivo podem ajudar esses líderes a conhecer a verdade das suas empresas.
Os líderes também podem proteger-se e às suas companhias ao dar bons exemplos. Os subalternos - especialmente os que se insinuam para obter as graças dos chefes - inclinam-se a inspirar seus chefes. Assim, é provável que os líderes francos e diretos sejam manipulados, do que líderes manipuladores. E um líder que tolera ou incentiva comportamento aético certamente tem funcionários de conduta ética no seu grupo.
Seis maneiras de se opor às influências negativas
Não há meio de garantir que você não será induzido em erro por seus subordinados, mas adotar os princípios a seguir pode ajudar.
1. Mantenha a visão e os valores à frente e no centro. É muito mais fácil ser desviado de suas metas quando se está confuso sobre qual é o objetivo principal.
2. Certifique-se de que as pessoas discordam. Lembre-se de que a maioria de nós forma opiniões depressa demais e desiste delas devagar demais.
3. Incentive os que dizem a verdade. Assegure-se de que há pessoas no seu mundo que você pode confiar que lhe vão contar o que você precisa saber, não importase isso for impopular ou desagradável.
4. Faça como você gostaria que fizessem com você. Os subordinados se baseiam no que você faz, não no que você diz. Estabeleça um bom ambiente ético para sua equipe, para garantir que seus subordinados tenham limites nítidos de seus atos.
5. Não despreze sua intuição. Se você acha que está sendo manipulado, provavelmente está.
6. Delegue, mas não saia de cena. É importante partilhar o controle e atribuir autoridade à sua equipe, mas lembre-se de quem, em última instância, é responsável pelo resultado final. Como dizem na política: "Confie, desconfiando".
Visite o Site e o Blog Dia-a-Dia, por Luisa. Um espaço reservado pra você, cheio de dicas, mensagens, atualidades e artigos do nosso dia-a-dia. Feito com muito carinho, especialmente pra você.
Blog: http://www.luisaleilamonteiro.blogspot.com
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Um Abraço!
Luisa Leila Monteiro
VOCÊ ESTÁ DEMITIDO - ARTIGO
Stephen Kanitz - Artigo Publicado na Revista Veja, edição 1726, ano 34,nº45, 14 de Novembro de 2001.
Você é diretor de uma indústria de geladeiras. O mercado vai de vento empopa e a diretoria decidiu duplicar o tamanho da fábrica. No meio daconstrução, os economistas americanos prevêem uma recessão, com grandealarde na imprensa.
A diretoria da empresa, já com um fluxo de caixaapertado, decide, pelo sim, pelo não, economizar 20 milhões de dólares. Sua missão é determinar onde e como realizar esse corte nas despesas.
Esse é o resumo de um dos muitos estudos de caso que tive para resolver nomestrado de administração, que me marcou e merece ser relatado. O professor chamou um colega ao lado para começar a discussão.
O primeiro tem sempre aobrigação de trazer à tona as questões mais relevantes, apontar as variáveis críticas, separar o joio do trigo e apresentar um início de solução.
“Antes de mais nada, eu mandaria embora 620 funcionários não essenciais, economizando 12 200 000 dólares.
Postergaria, por seis meses os gastos compropaganda, porque nossa marca é muito forte.
Cancelaria nossos programas detreinamento por um ano, já que estaremos em compasso de espera.
Finalmente, cortaria 95% de nossos projetos sociais, afinal nossa sobrevivência vem em primeiro lugar”. É exatamente isso que as empresas brasileiras estão fazendo neste momento, muitas até premiadas por sua “responsabilidade social”.
Terminada a exposição, o professor se dirigiu ao meu colega e disse:
-Levante-se e saia da sala.
-Desculpe, professor, eu não entendi
- disse John, meio aflito.
-Eu disse para sair desta sala e nunca mais voltar.
Eu disse: PARA FORA!
Nunca mais ponha os pés aqui em Harvard.
Ficamos todos boquiabertos e com os cabelos em pé. Nem um suspiro. Meu colega começou a soluçar e, cabisbaixo, se preparou para deixar a sala.
O silêncio era sepulcral. Quando estava prestes a sair, o professor fez seu último comentário:
-Agora vocês sabem o que é ser despedido. Ser despedido sem mostrar nenhuma deficiência ou incompetência, mas simplesmente porque um bando deprima-donas em Washington meteu medo em todo mundo.
Nunca mais na vida despeçam funcionários como primeira opção.
Despedir gente é sempre a última alternativa. Aquela aula foi uma lição e tanto.
É fácil despedir 620 funcionários como sefossem simples linhas de uma planilha eletrônica, sem ter de olhar cara a cara para as pessoas demitidas.
É fácil sair nos jornais prevendo o fim da economia ou aumentar as taxas de juros para 25% quando não é você quem tem de despedir milhares de funcionários nem pagar pelas conseqüências.
Economistas, pelo jeito, nunca chegam a estudar casos como esse nos cursos de política monetária.
Se você decidiu reduzir seus gastos familiares “só para se garantir”, também estará despedindo pessoas e gerando uma recessão.
Se todas as empresas e famílias cortarem seus gastos a cada previsão de crise, criaremos crises de fato, com mais desemprego e mais recessão.
A solução para crises é reservas e poupança, poupança previamente acumulada.O correto é poupar e fazer reservas públicas e privadas, nos anos de vacas gordas para não ter de despedir pessoas nem reduzir gastos nos anos de vacas magras, conselho milenar.
Poupar e fazer caixa no meio da crise é dar um tiro no pé. Demitir funcionários contratados a dedo, talentos do presente e do futuro, é suicídio.
Se todos constituíssem reservas, inclusive o governo, ninguém precisaria ficar apavorado, e manteríamos o padrão de vida, sem cortar despesas. Se a crise for maior que as reservas, aí não terá jeito, a não ser apertar o cinto, sem esquecer aquela memorável lição: na hora de reduzir custos, os seres humanos vêm em último lugar.
FONTE: http://gallsena. meublog.org/ 2008/06/02/ voce-esta- demitido