sábado, 8 de novembro de 2008

A GESTÃO DA INTUIÇÃO NA MODERNIDADE

Por Luisa Monteiro



Ao começar a pesquisar o tema da postagem dessa semana tive uma intuição: Porque não falar do uso da intuição em gestão de pessoas? Começei buscando o verdadeiro significado da palavra em si, para poder iniciar o assunto. Encontrei na web definições como:
  • A intuição é o conjunto de conhecimentos próprios adquiridos ao largo das múltiplas experiências do Ser, que lhe aflora à mente espontaneamente, sem necessidade de ninguém lhe transmitir nada, pois que tais conhecimentos pertencem ao seu universo peculiar e subjetivo de conhecimentos.
  • Contemplação pela qual se atinge em toda a sua plenitude uma verdade de ordem diversa daquelas que se atingem por meio da razão ou do conhecimento discursivo ou analítico.
  • Ato de ver, perceber, discernir de forma clara ou imediata.
  • Ato ou capacidade de pressentir.

Até aí tudo bem, conceito é sempre conceito, mas como sei que tenho intuição? Ou, como saberei se a estou usando ou não? Simples, deixando que ela flore, permitindo a si próprio a sua voz interior, treinando dia-a-dia, praticando e principalmente CONFIANDO.
Intuição, todos nós temos. Agora, uns a usam melhor do que os outros. Por essa razão que hoje eu trouxe pra vocês um artigo publicado no site da HSM Management em 01/10/2008. A autora do artigo é Eunice Maria Nascimento. Vejam!

Abordar aspectos relativos à intuição e à sua utilização no cotidiano não é algo fácil, pois a terminologia intuição é entendida de várias maneiras. No entanto, algumas definições tendem a assemelhar-se mais ao definidor do que ao fenômeno propriamente dito. Para exemplificar as grandes variações na percepção do termo “intuição”, Jagdish Parikh, consultor de empresas indiano e autor de vários livros, elaborou recentemente um estudo com 1.300 empresas em vários países, como Austrália, Brasil, França, Índia, Japão, Suécia, Holanda, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Os resultados apresentados definem a intuição como decisão e percepção sem recurso e métodos lógicos racionais, percepção inerente, compreensão inexplicável, sensação que vem de dentro, integração de experiências anteriores, processamento de informações acumuladas, sensação visceral, decisão e solução de problemas sem dados, introvisão e outros.
Para a psicóloga americana Frances E. Vaughan, a intuição pode ser definida assim: num momento qualquer, a pessoa tem consciência de apenas uma pequena parte daquilo que conhece. A intuição lhe permite recorrer a esse vasto depósito de conhecimento inconsciente, que inclui não apenas tudo o que a pessoa vivenciou ou aprendeu, consciente ou subliminarmente, mas também o infinito reservatório do inconsciente coletivo ou universal, em que os limites individuais e as fronteiras do ego são transcendidas.
A consultora e psicóloga americana Sharon Franquemont relata que a intuição é um certo sentido, como uma visão ou um perfume, uma percepção que traz informações. Ela vem como uma voz suave, um flash de criatividade ou um momento em que nos sentimos unos com o mundo. De repente, sabemos alguma coisa, sem utilizar os processos analíticos. O conhecimento está simplesmente ali. E sabemos. Embora a palavra intuição venha do latim intueri, que significa considerar, observar, procurar, a intuição implica algo mais profundo do que a simples percepção, sendo mais bem descrita como a percepção, a habilidade de apreender o conhecimento num relance.
Segundo a definição de outros autores como: Leonard Bosman, a intuição é a voz do ser real, um guia seguro para a perfeição final. Willis Harman diz que a maioria das pessoas vive na periferia da consciência, enquanto a intuição nos convida a ir para o centro dela. Rob Rabin relata que estamos tendo esta conversa a respeito de intuição porque todos nós desejamos nos tornar verdadeiros. Para Jagdish Parikh a intuição é uma das habilidades mais importantes que podemos cultivar, é necessária para uma perspectiva pessoal e global mais abrangente. Rumi orienta que se venda a inteligência e se compre o espanto. A inteligência é mera opinião. O espanto é a intuição. Já Spinoza menciona que a intuição é a maneira superior de conhecer a verdade última, sem o uso do conhecimento ou razão anterior.

Iniciando a caminhada
Ao longo dos últimos cinco anos, tenho trabalhado o assunto em algumas Universidades e com executivos no ambiente empresarial. O foco é despertar o interesse dos participantes, mostrando as inúmeras possibilidades para que reconheçam e utilizem a intuição como uma ferramenta estratégica na tomada de decisão. Volto a afirmar que a intuição é um potencial do ser humano e sua utilização é essencial em vários aspectos da vida.
Na prática, observa-se que as pessoas percebem a intuição como um fenômeno ligado ao misticismo, às crenças religiosas, e não como um potencial do ser humano, estando muito distante de suas possibilidades, no que se refere a um entendimento do assunto. É interessante que as pessoas, quando se deparam com o tema, têm uma idéia distorcida a respeito ou, às vezes, desconhecem totalmente. Na medida em que fazemos as intervenções adequadas e necessárias, procuramos definir de modo abrangente e com embasamento teórico sustentável. Inicia-se assim, o processo de construção do saber e uma caminhada a descobertas fantásticas.
Procuro trabalhar a partir de exemplos reais, com aplicabilidade no cotidiano. Tenho observado que, ao longo das atividades, as resistências diminuem, o interesse e a curiosidade são despertados e tem início o processo de engajamento efetivo dos participantes no tema, ocorrendo relatos de situações vivenciadas e perspectivas para o futuro. É importante ressaltar, que o maior interesse tem sido de profissionais ligados à área de engenharia.

Razão versus Interioridade
O fator significativo que impede que as pessoas entendam o significado da intuição é o medo do desconhecido. As pessoas necessitam e querem ter o controle das situações. O novo causa receio e muita ansiedade. Outro ponto relevante é a ênfase no tecnicismo, o predomínio racional sobre as questões que emergem do interior do ser humano. A conclusão é simples: se percebo algo, mas não consigo entender a sua aplicabilidade no cotidiano, tal questão não é significativa. As pessoas, quando adotam esta atitude, perdem oportunidades valiosas, a principal é um autoconhecimento profundo.
O tema intuição não é fácil, mas trata-se de algo que está presente ao longo da história da humanidade, podendo ser constatado nos relatos de profissionais acima e com as pesquisas de Carl Jung, que enfatizou que a intuição é uma das quatro formas de entender a realidade. As outras três são sensação, pensamento e sentimento. A intuição usa a nossa mente para discernir sobre fatos e pessoas. Um ser humano intuitivo observa holisticamente, confia em seus pressentimentos e é consciente do futuro, imaginativo e visionário.
A intuição pode se manifestar por meio dos sonhos. Segundo Jung, não sonhar é pior que não dormir. Outras formas podem se apresentar através das visões, sensações no próprio corpo ou os famosos insights. Para que a intuição funcione, é preciso abrir espaço em nossa mente e na vida de forma geral. Só é possível fazer isso se deixarmos um pouco de lado o nosso racional, fazendo o resgate no momento oportuno da tomada de decisão.
É importante ressaltar que a intuição só se manifesta e aflora, quando ela tem espaço. O grande diferencial inclui estar aberto a novas possibilidades, deixar a mente trabalhar e brincar, sem cobranças exageradas, sem bloqueios, procurar ter momentos de silêncio. É possível adotar a técnica de meditação, ter um tempo livre para as possibilidades do sentir e ficar atento aos sinais através de uma percepção mais acurada.

Intuição como bússola
Ainda para Carl Jung, um dos expoentes da psicologia contemporânea, a intuição é a função da psique que desvenda as possibilidades. Funciona, dessa forma, como uma bússola. "Se estamos na selva ou trabalhamos nas bolsas de valores, as impressões serão armas eficazes", disse Jung.
Depois de entrevistar dezenas de executivos para um estudo a respeito de liderança, os pesquisadores americanos James Kouzes e Barry Posner concluíram que a intuição resulta da mescla do conhecimento com a experiência. "Para o líder experiente, tudo isso pode ocorrer em questão de segundos", afirmam os autores de O Desafio da Liderança. Mas são os anos de contato direto com uma variedade de problemas e situações que fornecem ao líder um insight singular.
A psicóloga americana Sharon Franquemont, afirma que a intuição é um atributo inerente a todas as pessoas. Não é mais feminino que masculino, embora se cultive a idéia de que as mulheres são mais intuitivas que os homens. Não é um tipo de inspiração divina; portanto, não é preciso ser místico nem religioso para acreditar nela. “A intuição é o conhecimento que surge sem o uso da lógica ou da razão”.
Segundo a autora, as características de um ser humano intuitivo são:
Observar holisticamente.
Confiar nos pressentimentos.
Ser consciente do futuro.
Ser imaginativo.
Ser um visionário, principalmente.

Intuição como conhecimento armazenado
De acordo com o jornalista e escritor Malcolm Gladwell, autor do livro Blink, a intuição é baseada no conjunto de conhecimentos próprios adquiridos ao longo das múltiplas experiências de vida. O cérebro vasculha, em questão de segundos, seu banco de dados pessoal antes de chegar a uma impressão sobre determinado assunto.
Já o filósofo francês Henri Bérgson, chamou a intuição de “uma espécie de harmonia intelectual através da qual a pessoa se coloca dentro de um objeto de modo a coincidir com aquilo que é único nele e, conseqüentemente, inseparável. Ao entrar assim no objeto, podemos conhecê-lo com perfeição e profundidade, continua Bérgson, desse modo, a experiência intuitiva contém contradições: ela é inesperada, mas, de algum modo, se encaixa; ela vem de dentro, nós a produzimos, mas ela também parece acontecer em nós; estamos envolvidos mas não envolvidos; absorvidos mas desapegados.
Como resultado da visão sistêmica e contingencial em administração, o moderno planejamento estratégico parte da premissa da existência de um ambiente em constante turbulência e mutação. Por essa razão, é fundamental que o planejamento admita uma visão ampla, considerando a inserção nos diferentes contextos e uma visão de longo prazo na definição dos caminhos e propósitos organizacionais.
Dessa maneira, os profissionais devem enxergar além das previsões racionais, oferecendo liberdade para que a intuição e criatividade sejam exercidas. Mais do que nunca, ele deve basear-se em conhecimentos inéditos, resultados de visões imaginativas a respeito de fatos sobre os quais não existem dados, antecipando mudanças futuras, tirando vantagens das oportunidades, examinando pontos fortes e fracos, corrigindo cursos de ação. Para tanto, é necessário muito mais que uma simples formalização, é preciso trabalhar com ardor, equilibrar razão e emoção, conseguindo assim, resultados extraordinários.
Se a sua decisão é aprofundar-se no tema, desejo uma excelente e feliz jornada, garanto que será um aprendizado para toda a vida, pois, quando aceitamos os convites da alma para explorar este novo território, encontramos algo novo e descobrimos a grandiosidade do viver.
A rede da intuição está dentro de nós, como uma televisão que está sempre ligada. Tanto o hemisfério direito como o esquerdo do cérebro, funcionam como transmissores, zumbindo informações internas. É importante que possamos sintonizar utilizando a intuição. Temos várias maneiras de mudar a estação até conseguir o melhor sinal. Temos a liberdade de aumentar o volume e de ajustar a sintonia de acordo com a necessidade. É importante ser fiel a si mesmo, saber o que se quer e partir em busca disso, de forma verdadeira em busca do caminho verdadeiro. É importante que possamos aprender o momento certo de avançar e o momento em que devemos nos conter e esperar. Então, o mundo nos ouvirá dizer quem somos e nos permitirá fazer à sua maneira, e no tempo certo, aquilo que deve ser feito.


Fonte: HSM Management
01/10/2008

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